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O Zé tem 6 anos e é uma joia de moço.
Farto de ver o seu quarto a ser invadido e abusado pelas irmãs mais velhas, decidiu colocar um letreiro à porta para as proibir de entrar.
Mas como é um rapaz educado, logo tratou de acrescentar um outro sinal para lhes pedir desculpa pela proibição imposta.
Descopaein mas isto é um amor :-)
Reza a lenda que o escritor Jorge Luís Borges continuou a pedir aos amigos para lhe oferecerem livros, mesmo depois de ficar cego; dizia que continuava a sentir o prazer táctil de os manusear.
Vem isto a propósito da edição de Vampiros, a novela gráfica com argumento de Filipe Melo e ilustrações de Juan Cavia.
A história passa-se na Guiné em ’72, em plena guerra colonial, e tem todos os ingredientes possíveis: suspense, humor, sonho, realidade, esperança, tragédia, violência e companheirismo.
E é uma obra prima de ilustração.
Foi por isso que me lembrei da história do Jorge Luís Borges gostar de mexer em livros mesmo estado cego: este livro não é só para ler, é para ter e para mexer.
O prazer de o manusear, de lhe sentir o peso e as texturas, complementa o espanto que é lê-lo.
Absoluto colosso!!!
Façamos o "relato" do golo:
Um preto mete a bola num mestiço que a passa a um emigrante.
Este remata, e na recarga um cigano marca o golo que apura Portugal para os quartos de final do Euro '16.
Não deve ser fácil para um pseudo-nacionalista acompanhar a nossa Selecção Nacional.
Ainda bem que vivemos num País às cores :-)
Há duas notas positivas sobre o referendo que ditou o Brexit:
Há uma nota negativa sobre o referendo que ditou o Brexit:
Independentemente de todas as considerações que se possam fazer sobre os motivos e as consequências, a verdade é que o Reino Unido sempre foi um bastião de um projeto de construção civilizacional.
Foram eles quem, com a Magna Carta em 1215, reinventou a ideia de "democracia" tal como a entendemos hoje impondo limitações ao exercício do poder (absoluto).
E foram eles quem ao longo da História foi lutando contra as tentativas de hegemonia dos poderes absolutos que foram aparecendo, de Filipe II de Espanha a Hitler passando por Napoleão.
É evidente que sempre defenderam os seus interesses, e sempre foram ganhando com isso, mas a verdade é que foram sempre estando do lado certo da História.
Eu pergunto-me que projeto de construção Europeu é este onde não está o Reino Unido, bastião da democracia, mas estão esta Polónia ou esta Hungria, para não falar noutros Países onde a extrema-direita se aproxima cada vez mais do poder.
À parte disso este referendo vem recordar-nos que “a democracia é o pior de todos os sistemas com exceção de todos os outros” - já dizia o Churchill.
E ontem tivemos direito a assistir a uma perversão do sistema: olhando para os estudos de opinião que se conhecem, foram as franjas mais envelhecidas do Reino Unido quem determinou esta saída.
Em resumo, quem decidiu sair não vai estar cá para pagar a factura; quem a vai pagar são precisamente os mais jovens que queriam ficar na UE.
(Ainda assim, este não é um problema estrutural do sistema democrático – é uma perversão introduzida pelo facto de vivermos em sociedades envelhecidas.)
O futuro pode trazer-nos muita coisa mas hoje, muito honestamente, sinto que perdemos (quase) todos.
Basta ver quem está a celebrar para perceber que pelo menos a ideia de democracia perdeu...
Sou dos que admira o Cristiano Ronaldo sem reservas.
Costumo referir-me a ele como o meu menino de oiro.
Mas desta vez ele não esteve bem - não se atira lixo para um lago, pá.
Em condições normais eu falaria das vantagens da reciclagem, mas tratando-se da CM-TV o grau de toxicidade é elevado e recomenda-se cautela.
Sei que foi um momento irrefletido e que a estas horas ele já está arrependido - Cristiano Ronaldo sempre nos acostumou a um comportamento cívico irrepreensível e sabe muito bem que o lixo se põe no lixo.
Aliás, neste caso em concreto, até o manuseamento do objecto sem luvas e isso é um risco desnecessário - ainda por cima em dia de jogo.
Espero que o episódio não lhe tenha estragado o dia e que logo à tarde seja feliz.
É tudo o que lhe peço...
No ano passado li o Just Kids da Patti Smith; foi o meu grande acontecimento literário do ano.
Agora comecei a ler a segunda parte da sua autobiografia, o M Train.
Quando morre alguém como o Bowie ou o Prince ou o Lou Reed ou a Amy Winehouse (ou outro à escolha) há quem se indigne perante a comoção dos anónimos, como se fosse preciso uma licença para ficar triste perante uma morte singular.
Há quem ache estranho que se desenvolvam relações afectivas com pessoas que não conhecemos pessoalmente como se isso fosse mesmo importante, como se conhecessemos de facto as pessoas com quem nos cruzamos diariamente.
Nós não ganhamos intimidade por osmose...
Acho que ao ouvir as canções, ao ler os poemas ou os livros, podemos conhecer melhor o seu autor do que muitos colegas de trabalho ou vizinhos que cumprimentamos todos os dias.
Eu sei mais da Patti Smith, do que ela pensa e sente, do que da maioria dos amigos que fiz no liceu ou na faculdade ou nos empregos que tenho tido.
É uma das minhas pessoas favoritas do mundo e gosto dela como se gosta de uma pessoa de família.
O amor também é isto.
Percebes que o mundo está no bom caminho quando a tua filha mais nova se afeiçoa a um cocó de peluche.
Pode parecer bizarro, mas pelo menos estamos num caminho mais alternativo e com mais diversidade.
Incha Barbie...
Ainda na ressaca do primeiro jogo da Seleção, tenho que vos confessar que tenho um fraquinho pela Islândia.
E não é só pela (adorada) Bjork a que se vieram juntar os Sigur Rós.
Também gosto da forma como eles lidaram com a crise financeira: prenderam os responsáveis e tentaram poupar os contribuintes – exatamente o contrário do que nós fizemos.
Eu sei que eles podem desvalorizar a sua moeda e nós não, mas eles tiveram a postura certa.
Mas falando de desporto, fiquei espantado este número: na Islândia só há 100 jogadores profissionais de futebol.
Pode acontecer que um pequeno País consiga ter um excelente atleta numa modalidade individual, mesmo com poucos atletas federados; às vezes também é uma questão de sorte.
Nas num desporto colectivo tudo é mais complicado – é preciso muita quantidade para se conseguirem filtrar umas dezenas de atletas de qualidade.
Partindo de um universo de apenas 100 jogadores profissionais a Islândia conseguiu apurar-se para a fase final do Europeu e jogar taco-a-taco connosco.
É coisa de gente valente...