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Num País com (quase) 900 anos de História, existem evidentemente inúmeras figuras que merecem ser homenageadas.
Mas também me chateia a tese recorrente de que só os mortos é que são boas pessoas; desde logo nunca se pode falar mal de alguém que morreu porque, aparentemente, será uma falta de respeito (mesmo que o defunto tenha sido um pulha em vida).
Não dou para esse peditório.
E se admito que um miúdo de apenas 32 anos pode parecer demasiado novo para uma homenagem tão perene quanto dar nome a um aeroporto, a sua dimensão enquanto atleta e cidadão do mundo é tão universal que não me custa nada aceitar esta ousadia do Governo Regional da Madeira com um sorriso nos lábios.
Não só não me choca como me parece perfeitamente defensável.
Quanto ao tema do momento, o busto, desculpem mas não resisti.
Eu adoro abrir o Photoshop...
P.S. Só para que conste da acta, não só venero o Cristiano Ronaldo como sou fã da Joana Vasconcelos e gosto genuinamente de muito do trabalho dela.
A base do negocio da máfia assenta na cobrança de dinheiro por um serviço inexistente que é inventado apenas para extorquir: os estabelecimentos comerciais que já existiam têm que pagar uma suposta taxa de segurança para poderem continuar a existir.
Mas na prática esse pagamento não corresponde a nenhum benefício ou serviço ou aumento de segurança – é apenas uma cobrança imposta pela força porque a entidade que cobra, a máfia, tem o poder de impor represálias a quem não pagar.
Para mim faz todo o sentido pagar pelos serviços que utilizo.
Faz sentido que pague (e bem) pelo estacionamento num parque subterrâneo ou num silo automóvel: alguém investiu (muito) para que aquela infraestrutura fosse criada e deve ser compensado por isso – é justo.
Da mesma forma, não me custa pagar para estacionar num local onde houve trabalho ou investimento por parte da concessionária seja no arranjo de passeios, na criação de mais lugares de parqueamento, maximização do espaço público, etc.
E faz todo o sentido que numa cidade existam zonas onde a ocupação do espaço público seja paga, nomeadamente nas mais centrais e/ou sobrecarregadas de comércio e serviços que atraem mais visitantes.
O facto de a EMEL cobrar pelo estacionamento nesses locais é uma forma de regular a utilização de um espaço que é de todos, precisamente para que possa ser usado por todos.
O problema é que a Câmara Municipal de Lisboa percebeu que tinha ali uma mina e podia impor a cobrança coerciva de taxas a quem não tem alternativa, mesmo em locais onde a EMEL não faz falta, não faz sentido, onde não há nada para regular e onde não presta nenhum serviço: os bairros residenciais.
Foi por isso sem grande espanto que um dia cheguei ao meu bairro e vi que tinham andado a pintar lugares de estacionamento no chão.
E isto do pintar é importante porque não fizeram nada para além de pintar marcas no chão: não melhoraram, não arranjaram, não adaptaram, não beneficiaram, não investiram, não criaram, não acrescentaram valor, nada; apenas marcaram o espaço público como propriedade sua.
Tal como um gang mafioso chega a um bairro e pinta uns graffitis para se mostrar como quem diz “isto agora é nosso”, a EMEL também ocupa ruas onde só estacionam moradores e pinta no chão as suas marcas do “isto agora é nosso”.
Os moradores destes bairros residenciais de Lisboa vão começar a pagar mais para usufruírem de um espaço que já era seu e pelo qual já pagavam através dos impostos.
Mas o serviço que supostamente lhes é prestado não presta.
Nas zonas não invadidas pela EMEL cada carro tem o seu tamanho: o SMART do vizinho solteiro ocupa 2 metros e picos, e o monovolume da família numerosa ocupa 5 metros; os carros colam-se uns aos outros, traseira com dianteira, porque todos os moradores querem rentabilizar o espaço para que caibam o maior número de carros.
Quando a EMEL entra em acção, essa solidariedade cívica é abolida e todos os carros passam a ocupar o mesmo espaço estandardizado; e com isso perdem-se naturalmente lugares de estacionamento.
Para além disso, nas zonas antigas e de passeios estreitos (como a minha) a colocação de parquímetros vai necessariamente condicionar a circulação de peões.
Tem um carrinho de bebé? Paciência. Passe pelo meio dos carros e vá com a criança para o meio da estrada que o passeio agora é propriedade da EMEL.
Por estas razões, entre outras, quando a EMEL ocupa um bairro residencial degrada as condições de vida dos habitantes - reduz o nº de lugares de estacionamento em locais onde eles já são escassos, prejudica a circulação e ainda cobra por isso.
Os moradores passam a pagar uma espécie de multa anual (como se morar em Lisboa e ter carro fosse uma infracção ao código da estrada) mas continuam a estacionar onde sempre estacionaram; tudo isto sem que sejam impostas à entidade que cobra nenhumas obrigações ou deveres para além do direito de extorquir dinheiro.
Convenhamos... mais mafioso do que isto é difícil.
Para tornar esta extorsão ainda mais requintada, nada como impor prazos.
No meu bairro o prazo para pagar a multa de residente já acabou, o dístico já foi enviado com a respectiva data de validade mas os parquímetros ainda não foram sequer colocados.
Conclusão: o dístico que foi pago para ter a duração de um ano só vai ter validade efectiva durante alguns (não sei quantos) meses.
Mas não faz mal; como o objectivo da medida é apenas cobrar sem prestar nenhum serviço, qualquer valor ou prazo é bom para a concessionária.
Nos negócios mafiosos é assim: é tudo lucro para quem tem a razão da força e o poder de exercer represálias.
Se tivermos sorte com as coincidências, o mundo pode ser um sítio maravilhoso.
Capítulo 1
Conheci o meu amigo Guilherme Dray num jogo de futebol no 7º ano do Liceu Camões, teríamos nós uns 12 ou 13 anos.
Mais tarde, já no 10º ano, estávamos em turmas diferentes mas mais próximos por sermos ambos de humanísticas.
E quando no 12º ano caímos na mesma turma, acabámos por ficar amigos a sério.
Copos, concertos, estudo, fins de semana, essas coisas todas...
Depois fomos ambos para Direito na FDL com uma diferença: ele era bom aluno (sempre foi) e eu não sabia o que lá estava a fazer (nunca soube).
Mas a amizade continuou com mais copos, mais fins de semana na casa dele na Ericeira, mais amigos que se foram fazendo pelo caminho, etc.
Depois a vida foi-nos dando as suas voltas.
Ele acabou o curso com distinção, começou a dar aulas na Faculdade, e eu fui-me perdendo pelo caminho...
Começámos ambos a trabalhar e isso afasta sempre um pouco as pessoas, já se sabe, mas continuámos a participar nos momentos importantes da vida um do outro.
Uma ida a Coimbra para o visitar no hospital quando estava internado por causa de uma infecção o ia deitando (mesmo) abaixo, o regresso à casa da Ericeira para o casamento dele, a morte do pai, essas coisas boas e más que juntam e unem a família...
Mas a vida vai-nos separando, não há nada a fazer.
Não o vejo há (muitos) anos – a última vez foi numa ocasião em que almoçámos juntos, já ele era Chefe de Gabinete de um ministro qualquer.
Capítulo 2
Há uns meses eu estava à espera dos meus filhos no átrio do GCP e, para ocupar o tempo, fui ver as fotos dos campeões que estão no Hall of Fame do Clube. De repente vejo um “António Dray” e pensei logo: com este apelido tem que ser filho do Gui.
Mandei um SMS ao meu velho amigo sem esperança nenhuma de obter resposta porque de certeza que aquele número estava mais do que desatualizado.
Mas de repente o telefone apita e afinal o nº ainda era o mesmo.
Disse-me que se procurasse bem até encontrava outro Dray porque ele tem 2 filhos campeões nacionais de ginástica – fui ver e lá encontrei o outro.
E soube-me bem ter o meu amigo do outro lado do SMS...
Capítulo 3
Esta semana o GCP convidou os pais a participarem numa aula dos filhos para comemorar o Dia do Pai, mas sem os avisarmos. E eu fui fazer a surpresa ao meu Zé que tem 7 anos.
Enquanto fazíamos a aula juntos, passou um miúdo mais velho que o Zé cumprimentou muito contente com um entusiasmado “- Olá António”.
Eu olhei para o rapaz, que deve ter uns 15 ou 16 anos, e pareceu-me reconhecer o sorriso da foto do campeão que tinha visto uns meses antes no Hall of Fame; perguntei-lhe se ele não era o António Dray e ele disse-me que sim.
Expliquei-lhe que era amigo do pai desde os tempos do liceu e pedi para lhe mandar um abraço.
Quando a nossa aula acabou o meu Zé foi despedir-se do António e eu fui com ele.
Foi o único dos “crescidos” que o Zé cumprimentou e de quem se despediu, e eu até estranhei que se falassem porque para aquelas idades, 8 ou 9 anos é uma diferença abissal (um miúdo de 7 anos não tem nada em comum com um de 15 e, sobretudo, os de 15 não têm paciência para os de 7).
Epílogo
À noite recebi uma mensagem por WhatsApp – era o Gui a dizer que está a dar aulas em Washington, que tinha estado a falar com o filho António por Skype e que o meu abraço tinha lá chegado.
Parece que o António é uma joia de moço e, ao contrário dos outros adolescentes, gosta de falar e de ajudar os miúdos mais novos - por essa razão o meu Zé terá atinado e gosta dele.
Para um miúdo de 7 anos como o meu Zé, ter um dos crescidos a cumprimentá-lo ou a dar um conselho sobre as argolas ou um pino faz uma diferença tremenda – é um dos momentos do dia dele e sente-se especial.
Mas o que eu achei maravilhoso é que sem nenhum deles saber, o filho do meu amigo Gui tocou na vida do meu filho Zé.
Em 2017 um Dray e um Caeiro cumprimentaram-se e ficaram um bocadinho amigos sem sonharem que, 35 anos antes, os seus pais tinham feito a mesma coisa.
Ando tão enternecido com isto que não resisti a partilhar a história apesar de ser tão pessoal.
É como vos digo... se tivermos sorte com as coincidências, o mundo pode ser um sítio maravilhoso.
Quando foi cancelada a conferencia do Prof. Jaime Nogueira Pinto, na Universidade Nova, fiquei indignado.
Jaime Nogueira Pinto é um homem superiormente culto e inteligente e eu gosto sempre de o ouvir - mesmo quando discordo (o que geralmente acontece).
Pareceu-me inaceitável que um professor universitário fosse impedido de falar numa universidade, que é suposto ser um local aberto à discussão e ao debate de ideias.
O caso tinha tudo para ser emblemático quanto ao espírito intolerante de uma certa esquerda radicalizada (representada pelos estudantes reunidos em RGA) e o professor assumidamente conotado com o salazarismo.
Mas depois começaram a chegar-nos algumas explicações, tanto do reitor como dos estudantes, que desde logo afirmaram que não existia nenhum problema com o orador convidado mas sim com a entidade organizadora do evento – uma associação chamada “Nova Portugalidade”.
Fui tentar perceber que problema poderia haver com esses organizadores
São uns moços que aparentemente se dedicam ao estudo da História e a partilhar as suas opiniões sobre aquilo que estudam – até aqui nada de estranho, até me pareceu louvável.
A História não é uma ciência exacta e permite várias análises sobre o mesmo acontecimento. Para mim que nunca gostei da unicidade, até acho refrescante que apareçam uns tipos conservadores educados e inteligentes a mostrar visões diferentes do mundo. Nem que seja para ouvir, pensar e, no fim, discordar – ganhamos sempre quando lemos ideias diferentes da nossa...
Não são as publicações onde se enaltece Trump ou Mariane Le Pen que me perturbam.
Nem a foto do presidente da associação de joelhos na campa de Salazar – é um garoto de 22 anos e os garotos são frequentemente parvos quando se armam em pavões para dar nas vistas e impressionar os outros.
O problema (para mim) acontece quando dou de caras com um post onde a Nova Portugalidade defende que essa coisa da inquisição foi muito empolada, que por exemplo em Goa até foram condenadas à fogueira “apenas 57 indivíduos” em 173 anos, e que o que há é “uma campanha difamatória que se tem empreendido contra Portugal e a sua obra imperial”.
Para os moços da Nova Portugalidade, a Inquisição “foi alvo constante da imaginação - isto é, da deturpação aberta, comprometida e malsã - da propaganda protestante”; no fundo a Inquisição é uma vítima: “o Santo Ofício fez-se alvo preferencial dos filósofos das Luzes”.
Quando se tenta relativizar algo como a Inquisição, chegamos ao patamar da absoluta insanidade e acabou-se a conversa.
Eu percebo que aquando do cancelamento da conferencia havia pouca informação sobre os acontecimentos. Eu próprio escrevi nessa noite, na minha página no facebook, “A merda do PREC que nunca mais acaba!”.
Mas não percebo que, passada uma semana e depois de se ouvirem as explicações e se saber quem são os organizadores, ainda haja comentadores indignados com o cancelamento do evento.
Felizmente não faltam sítios onde o Prof. Jaime Nogueira Pinto pode palestrar (desde logo a sede da Associação 25 de Abril) em eventos promovidos por gente menos malsã – digo eu.
Quanto aos que querem continuar a brincar à indignação e a considerar o cancelamento da conferência um caso inaceitável de censura, proponho um jogo: fazemos um auto-de fé e queimamos vivas essas pessoas.
Se no fim do auto de fé elas disserem que não foi assim tão desconfortável e que o Voltaire é que era um exagerado, então avançamos com o evento nos moldes inicialmente previstos.
Boa?
P.S. Eu sei que o Prof. Jaime Nogueira Pinto é uma figura conhecida e reconhecível. Mas basta olhar para o cartaz de promoção da conferência para se constactar o destaque dado ao nome da associação que organiza o evento e o destaque dado ao nome do orador (que nem sequer lá está).Convenhamos que soa um bocadinho mais a propaganda do que a ciência...
Na "ressaca" do Dia Internacional da Mulher, partilho convosco uma história linda ocorrida há uns dias.
O Brunei é um estado soberano que ocupa uma pequena parte da ilha do Bornéu (que divide com territórios da Malásia e da Indonésia).
É um pequeno estado islâmico, com pouco mais de 400.000 habitantes, daqueles que teve a sorte de ter nascido em cima de jazidas de petróleo e gás natural, o que lhe permite ter um dos mais elevados PIB per capita do mundo.
E este pequeno país muçulmano escolheu uma forma muito subtil, mas genial, de comemorar o seu Dia Nacional a 23 de fevereiro.
Andou à procura de mulheres pilotos nos quadros das suas linhas aéreas, a Royal Air Brunei, e criou a primeira tripulação de pilotos exclusivamente feminina da companhia.
Depois colocou-a aos comandos de um Boeing 787 num voo com destino a Jeddah na Arábia Saudita.
Sim, é mesmo isso que vocês estão a pensar: o Brunei mandou um avião pilotado por mulheres para aterrar num País onde as mulheres estão impedidas de conduzir um carro.
Porra pá, isto é que é diplomacia!!!
Brunei 1 – Suécia 0
Já agora, se quiserem façam like nesta página que promove uma campanha pelo direito das mulheres sauditas a conduzir.
(link da notícia original aqui)
Nota prévia: não conheço pessoalmente o Ricardo Costa e tenho por ele alguma simpatia. Parece-me (ou parecia-me) um tipo interessante, boa onda, já me cruzei com ele em diversas ocasiões (exposições, concertos, etc.) e temos gostos em comum.
Eu sigo a página Os Truques da Imprensa Portuguesa e gosto.
Tenho as minhas reservas, como tenho em relação a tudo, mas gosto.
É evidente que terão as suas preferências mas já lhes li posts em que desmontavam ou denunciavam notícias falsas (ou manipuladas) e títulos abusivos sobre economia, política nacional e politica internacional, questões de saúde, discursos do Papa, polémicas do desporto, figuras do showbiz, publicidade encapuçada, abuso do clickbait, etc.
Não há tema que considerem menor; até sobre umas não-notícias de um suposto concursos de ruas bonitas se deram ao trabalho de escrever, só para desmontar um esquema manhoso com notícias inventadas para sacar likes e partilhas.
Parece-me que o que os move é sobretudo a exigência – querem ajudar a cultivar o espírito crítico entre os consumidores de notícias e mostrar que nem tudo o que lemos é exactamente aquilo que parece.
Se eles têm uma “agenda”, há alguém que não a tenha?
Qualquer jornalista digno desse nome ficaria feliz com o aparecimento de um projecto como este d’Os Truques da Imprensa Portuguesa porque cultivam a exigência e desmascaram alguns sensacionalismos e manipulações bem como partilhas sem critério nem consulta de fontes que minam a credibilidade do verdadeiro jornalismo.
Qualquer responsável por um projecto editorial sério ficaria também feliz por ver alguém a ser exigente com as publicações do “seu” jornal e a desmascarar de forma crítica a sua concorrência.
Aparentemente (e estranhamente) não é o caso de Ricardo Costa.
Ricardo Costa tem naturalmente o direito de não gostar da página dos Truques da Imprensa Portuguesa
Mas a forma como reagiu no twitter, colando-os a Donald Trump, a Steve Bannon ou ao Ku Klux Klan, com referências à inquisição, à PIDE ou à Stasi, enfim... revelam um homem que perdeu a cabeça mas também perdeu a educação, a decência, a medida das proporções e a mais pequena noção da realidade.
Há poucas semanas Ricardo Costa escreveu na sua coluna no Expresso que José Eduardo dos Santos tinha conseguido a paz e a democracia para Angola.
Ricardo Costa, jornalista e director-geral de informação do grupo Impresa, acha que um país sem eleições há décadas, sem televisão e sem jornais independentes e onde se pode ir preso por ler um livro é, de alguma forma, uma democracia.
Mas também acha que uma página de facebook que pede mais rigor à comunicação social, apresentando casos concretos de notícias duvidosas e as suas fontes (ou falta delas), é uma ameaça fascizóide.
Hum... eu acho que Ricardo Costa não está bem.
Pela simpatia que tenho por ele, espero que não seja grave.
Talvez sejam só gases...
P.S. Quanto ao facto de Ricardo Costa usar, em tom de ameaça, informação pessoal entregue pelos próprios gestores da página a colaboradores seus sob promessa de sigilo, o comportamento é tão indigno de um jornalista que não me vou alongar para não acidificar o meu metabolismo...