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Tal como meio mundo tuga, ontem andei a validar facturas.
E é sempre uma angustia, enquanto pai e enquanto cidadão, constatar que o Estado não se dá à maçada de distinguir aquilo que é mero consumo, muitas vezes supérfluo, daquilo que é o apoio à saúde e ao bem-estar de uma família.
Compete ao Estado sinalizar, diferenciando, quais são as suas prioridades e é por isso que, por exemplo, existem taxas de IVA reduzidas para alguns produtos.
Mas na hora de contabilizar os gastos para efeitos das deduções do agregado familiar, as facturas das despesas com a prática desportiva vão para o mesmíssimo saco genérico de OUTROS, para onde vão as garrafas de gin as camisolas de marca ou um qualquer gadget da moda.
Não fazendo uma discriminação positiva das práticas que deviam ser valorizadas, o Estado diz-nos que tanto se lhe dá que o pai ponha o filho na natação ou, com esse dinheiro, beba duas garrafas de whisky por mês.
Nota: eu sou um liberalão e a vida das pessoas não me interessa – dentro dos limites da lei cada um faz o que lhe apetecer e ninguém tem nada a ver com o assunto.
Mas uma coisa são os hábitos de cada um e outra coisa é a forma como o Estado, através dos impostos e suas deduções, valoriza ou desvaloriza o consumo de certos bens.
Como é evidente, a prática desportiva das crianças corresponde a um sacrifício financeiro maior ainda nas famílias numerosas e ver o Estado a desvalorizar essa preocupação e esse esforço provoca uma enorme sensação de injustiça.
Essa indiferença do Estado é especialmente confrangedora porque o desporto torna as crianças mais saudáveis e felizes pelo que o dinheiro que o Estado investisse a mais nessas deduções era dinheiro que depois poupava na Saúde.
Não sei se fará muito sentido que para o Estado a factura da ginástica dos filhos tenha o mesmo tratamento de um almoço de junk food...