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Ser jornalista é uma profissão de alto risco nalgumas partes do globo e são muitas as vezes em que o dever de informar é pago com a vida; noutras zonas o risco físico é menor ainda que a função de jornalista exija trabalho, pesquisa, audácia, coragem, etc.
Mas em Portugal existe uma sub-espécie de jornalista que está sempre salvaguardado e que nem precisa de sair da redação (ou de casa) para produzir centenas e centenas de “notícias” - refiro-me aos “jornalistas desportivos” nos períodos em que o mercado das contratações está aberto.
Para esses “jornalistas” o fabrico de notícias é um jogo de casino em que ganham sempre.
Tudo o que têm que fazer é noticiar que um determinado jogador está próximo de assinar (ou está a ser seguido) por um determinado clube. Depois, nos dias e semanas seguintes, só têm que fazer copy-paste dessa “notícia” alterando apenas o nome do suposto clube de destino.
De 1 de Julho a 31 de Agosto dá para assegurar que “de acordo com as nossas fontes” um determinado jogador será transferido para um máximo de 60 clubes diferentes.
A meio do processo é importante deixar um dia livre em que explicam que o jogador até pode ficar no clube de origem por várias razões.
E podem ir desmultiplicando a notícia com as variações de “Jogador mais perto do... / Jogador mais longe do...” .
É que a menos que o jogador se transfira para a NASA e vá jogar em Marte, o jornalista acabará sempre por acertar nas suas "previsões".
Depois de o dar como garantido em quase todos os clubes possíveis, e seja qual for o desfecho, o jornal poderá sempre dizer: “tal como noticiámos há uns dias, o jogador vai rumar ao clube X / vai permanecer no clube Y” (riscar o que não interessa).
Felizmente a FIFA só permite duas janelas de mercado por ano porque senão, uma novela como a que os jornais inventam para o Bruno Fernandes poderia durar vários anos.
É uma espécie de totobola com 13 triplas – acertam sempre.
Não sei se será muito sério, mas chamam-lhe jornalismo...
Bruno de Carvalho tem-se queixado de que está a ser alvo de uma perseguição inédita na história do planeta; diz ele que “o que me aconteceu nunca foi visto no mundo”.
E tem razão: qualquer pessoa que tenha acabado o liceu com aproveitamento dificilmente encontra na História Universal um episódio de perseguição mais gritante do que este.
E perante este cenário de injustiça, acho que chegou o momento de mostrarmos um pouco de solidariedade – pela minha parte é o que conto fazer.
Há cerca de um ano atrás Bruno de Carvalho afirmou peremptoriamente o seu desejo: "Hoje deixei de ser para sempre sócio e adepto deste clube".
E explicou-nos que ia escrever uma carta ao Sporting: “A minha carta de suspensão vitalícia de sócio segue segunda feira e nunca mais seguirei sequer os eventos desportivos do clube”.
Mas por alguma razão a carta perdeu-se e de pouco nos serve agora tentar apurar se a responsabilidade é dos CTT ou dos serviços administrativos do clube.
O que nos interessa é que no sábado há uma Assembleia Geral e podemos finalmente ajudar Bruno de Carvalho a realizar o seu sonho de deixar de ser sócio do Sporting.
Todos juntos vamos conseguir...