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Três notas prévias:
1 - Eu gosto genuinamente da Madonna;
2 – Como alfacinha acho bestial que ela tenha escolhido a minha cidade para viver;
3 - Percebo perfeitamente que a Câmara Municipal a trate de forma especial (nós não somos todos iguais e ela é um verdadeiro “activo” para a cidade - um post dela nas redes sociais tem mais impacto na imagem de Lisboa no exterior do que alguns milhões gastos em “campanhas institucionais” para promover a cidade).
Como é evidente, quem é milionário e tem 15 carros só tem que arranjar uma casa com 15 lugares de garagem – é simples. Mas tanto quanto sei, os lugares de estacionamento foram cedidos a título provisório só enquanto duram as obras lá em casa.
Por mim está tudo bem e tanto se me dá que lhe cobrem 720€ (ela nem deve saber o que são 720€) como não lhe cobrem nada (o que para efeitos de orçamento camarário vai dar ao mesmo).
O que é escabroso nesta história é que estamos a falar de um bairro de Lisboa que, em matéria de estacionamento para os moradores, foi arrasado pela própria Câmara que agora “oferece” estacionamento à dona Madonna.
A CML mandou a EMEL invadir a zona da Estrela com o intuito de obter receita à custa dos moradores a quem foram objetivamente retirados os lugares de estacionamento na via pública.
A EMEL chegou disfarçada de “regulador” mas cedo se percebeu que não vinha regular nem investir nem organizar; só lá estava para pintar o chão de algumas zonas e suprimir outras sem outro motivo visível que não seja o de extorquir dinheiro com multas a curto prazo.
Há ruas onde se estacionava dos 2 lados sem problemas e que agora só têm estacionamento de um lado, há ruas onde se estacionava de um lado em toda a extensão da rua e agora só se pode fazer em meia-rua, há de tudo.
O problema é que a EMEL não se limita a multar e bloquear os carros que não pagam parquímetro ou que não têm o dístico de morador – também multam e bloqueiam os carros que estão estacionados em sítios não marcados, onde não incomodam ninguém e onde se estacionava tranquilamente antes dos raides da EMEL.
Nunca percebi o ódio da CML aos moradores da Estrela.
Será porque elegeram uma freguesia PSD e agora Fernando Medina decidiu puni-los como faz com os habitantes de Carnide por terem votado CDU?
Em resumo, a única coisa que me incomoda no “negócio” com a Madonna é o contexto: não me chateia que a Câmara facilite o estacionamento à frota da Madonna; o que não faz sentido é que no mesmo bairro se empenhe a perseguir as famílias que não têm dinheiro para comprar um palacete com 15 lugares de garagem.
Se calhar é a isto que se chama esquerda caviar...