Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]


Se eu fosse um organizador de festivais de verão, sei muito bem qual era a primeira banda que tentaria contratar: as Pussy Riot.

E não é só por causa da recente colaboração com o David Sitek (dos TV on the Radio).

Não é porque agora estão numa onda mais pop do que o seu registo habitual como neste (muito bom) "Police State"...

Um Festival é mais do que uma sucessão de concertos avulsos; é um evento cultural que, juntando artistas de diversas origens, procura criar uma identidade comum que os une.

Por isso é que os festivais são diferentes.

Por isso é que há festivais onde as marcas atropelam os visitantes e outros onde os patrocinadores respeitam os espectadores; por isso é que há festivais que apostam na produção negligente de lixo enquanto outros investem em copos recicláveis.

No fundo, e independentemente do tipo de música, ao criar a sua imagem cada festival tenta criar a sua identidade e a sua ética. E é aí que entram as Pussy Riot

Um pouco na senda da frase “Save a life, save a world!" (que a Fundação Aristides de Sousa Mendes costuma usar como "assinatura") eu acho que quem luta pela sua liberdade, no seu País, luta pela liberdade de todos nós em todo o lado. E nisso de lutar pela liberdade as Pussy Riot são um dos grandes exemplos deste mundo porque arriscam a sua integridade, a sua liberdade e a sua vida.

Já foram presas, já foram deportadas para campos de trabalho forçado, já foram impedidas de comunicar com familiares e advogados, são agredidas, e voltam sempre ao seu activismo e à sua luta. Basta um passeio pelo youtube (como aqui) para ficar nauseado pela violência com que são tratadas e espantado com a sua coragem física...

A onda delas pode não ser a minha e se elas fossem Portuguesas talvez as achasse excessivas, panfletárias e radicas – mas elas fazem-no num País que é uma ditadura há séculos e onde lutar pela liberdade se paga frequentemente com a vida.

Mereciam que da parte do mundo livre alguém lhes estendesse a mão para lhes dizer que admiramos a sua coragem, a sua determinação e o seu apego à liberdade que no fundo é de todos nós; alguém que lhes dissesse “- Miúdas, querem vir tocar à nossa terra”.

Trazê-las cá, mais do que propor um concerto, seria fazer uma afirmação moral e ética pela liberdade e contra todas as formas de violência e de opressão.

No fundo a nossa geração só é livre porque alguém lutou por nós e pela nossa liberdade ainda antes de termos nascido; nós podíamos usar a liberdade que nos deram de graça para ajudar a promover a liberdade dos outros.

Só por causa disso, eu gostava mais de ver as Pussy Riot em Portugal do que qualquer outra banda.

Alguém arrisca?

Free Pussy Riot!

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 11:04



O LIVRO

Capa_OK

Mais sobre mim

foto do autor



Arquivo

  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2020
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2019
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2018
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2017
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2016
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2015
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D