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Confesso que sempre me fez alguma confusão o sucesso triunfante da Padaria Portuguesa e a sua capacidade de abrir lojas em catadupa em todas as zonas importantes (e caras) de Lisboa.
Lisboa sempre foi uma cidade polvilhada por excelentes cafés e pastelarias que apresentam uma diversidade de bolos tamanha que só um estudioso ao nível do doutoramento conseguirá conhecer-lhes metade dos nomes.
E em muitos desses sítios bebem-se cafés de qualidade com rapidez e atendimento simpático.
Cada um escolhe o seu spot, perto de casa ou do emprego, e as pessoas vão-se fidelizando à sua “casa”.
Na “minha” pastelaria, a Cristal na Buenos Aires, é frequente os empregados não cobrarem as miniaturas que servem às crianças.
Eu acho que tem os melhores pastéis de nata de Lisboa e defendo a minha pastelaria como defendo o meu clube – é como se fosse minha.
O serviço é atencioso, conhecem os clientes há anos e toda a gente se cumprimenta e respeita.
Todos nos sentimos em casa - é o comércio local no seu melhor...
Ora a Padaria Portuguesa é precisamente a negação daquilo que são os cafés e pastelarias de Lisboa: empregados em rotação, menor variedade, preço elevado e um serviço frequentemente demorado.
O sucesso da Padaria Portuguesa é para mim um completo mistério.
Desculpem a minha impaciência mas para beber uma bica eu não tenho pachorra para tirar a senha como se estivesse nas finanças da Loja do Cidadão.
De repente aparece esta polémica provocada pelas declarações de um dos seus responsáveis em que vem dizer que o que gostava mesmo era de poder despedir à vontade os trabalhadores, obrigá-los a trabalhar mais, deixar de pagar horas extraordinárias, etc.
Este chorrilho de barbaridades só vem reforçar a minha aversão ao “conceito” (como agora é moda chamar) da Padaria Portuguesa.
Eu já não gostava de lá ir – não me custa nada não voltar.
Pela minha parte este sr. Nuno Carvalho não precisa de esperar pela liberalização dos despedimentos; o seu negócio pode bem ir à falência que o “mercado” encarregar-se-á de absorver os trabalhadores da Padaria Portuguesa.
Com sorte alguns deles vão trabalhar para uma das (muitas) boas pastelarias de Lisboa, e pode até ser que venham a trabalhar com patrões que não têm como principal prioridade despedi-los.