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Se quisermos perceber o que se está a passar com o com o combate à pandemia em Portugal e porque é que apresentamos os piores resultados a nível mundial, talvez possamos fazer a experiência alternativa de olhar não para a saúde mas para a educação.
E sugiro que se olhe para o Ministério da Educação porque não há ministério mais transparente do que o dirigido por Tiago Brandão Rodrigues.
Todos os portugueses viram durante semanas os números da covid a subir em Portugal e noutras latitudes, todos os portugueses viram o resto da europa a optar por confinamentos mais ou menos rigorosos, e todos os portugueses sabiam que o encerramento das escolas por cá seria apenas uma questão de tempo.
E o que é que o Ministério da Educação fez durante essas semanas?
Nada, não fez rigorosamente nada.
Na educação não se preparou nada, não se anteviu a situação iminente, não se criou nenhum plano B, não se preveniu nenhum cenário de confinamento, não se fez rigorosamente nada. E isso ficou amplamente demonstrado quando se anunciou o encerramento das escolas sem plano de ensino à distância, mesmo depois do que aprendemos no ano passado.
Como o Ministério da Educação não fez rigorosamente nada para prevenir um possível encerramento das escolas e não elaborou nenhum plano de contingência, quando foi preciso fechar a única coisa que conseguiram fazer foi mandar os alunos para casa, decretar férias administrativas e proibir as atividades letivas.
O problema é que, extrapolando para a área da saúde, o Ministério de Marta Temido não pode fazer como o da educação e decretar férias forçadas à covid ou proibir a atividade do vírus.
Se no Ministério da Saúde reinar o mesmo tipo de competência e capacidade de antecipação que reina no da educação, fica explicado porque é que sabíamos desde o verão que o inverno iria trazer uma segunda vaga e hoje somos o país do mundo com o pior registo de novos casos e mortes por covid.
E também se explica porque é que sabíamos desde o outono que iria haver uma vacina e hoje percebemos que não foi elaborado nenhum plano de vacinação rigoroso e eficaz (como a realidade se tem encarregado de demonstrar).
Olhando para o que não foi feito na educação talvez ajude, por analogia, a perceber melhor o caos nos hospitais e o pandemónio na vacinação.
Convenhamos... nenhum país chega ao lugar de “pior do mundo” apenas por azar...
P.S. Não quero deixar de enaltecer o empenho, capacidade de sacrifício e espírito de missão dos nossos profissionais de saúde e do nosso SNS, que com tanta abnegação têm lutado contra este vírus e as insuficiências do sistema - onde é que estaríamos hoje e que preço estaríamos a pagar em vidas se não fosse o seu extraordinário exemplo...