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O que mais impressiona na passagem do Bruno Fernandes pelo Sporting é a força da marca que deixou no clube, fazendo esquecer o pouco tempo que jogou de leão ao peito.
Com a sua saída para o Manchester United fizeram-se os balanços do costume e percebemos que o Bruno Fernandes apenas esteve no Sporting 2 anos e meio. E é isso impressiona.
O seu esforço, dedicação e devoção trazem-lhe a glória de ganhar um lugar no coração dos Sportinguistas como se lá tivesse jogado a vida toda.
Para os meus filhos, que têm entre 8 e 14 anos, o Bruno Fernandes é sinónimo de Sporting – será o jogador que marca as suas infâncias como a mim marcaram o Manuel Fernandes ou o Jordão.
Não é por acaso que há uns dias as minhas filhas me “explicaram” que vamos ter que comprar a camisola do Bruno Fernandes no Manchester United.
É que foram 2 anos e meio tão intensos que marcam as nossas vidas para sempre, e Bruno Fernandes passou a fazer parte da família.
É um extraordinário jogador com uma dedicação ao trabalho que farão dele um dos melhores da sua geração, mas enquanto homem demonstrou uma coragem, uma coerência e uma honestidade raríssimas.
Mais do que um talento dentro de campo, Bruno Fernandes é um homem para quem posso apontar como exemplo aos meus filhos.
Mais do que os kms percorridos, os desarmes, os passes, as assistências e os (muitos) golos marcados, é essa conjugação de talento e de integridade que fazem dele um ídolo.
E ser um ídolo só está ao alcance de alguns predestinados.
Ser jornalista é uma profissão de alto risco nalgumas partes do globo e são muitas as vezes em que o dever de informar é pago com a vida; noutras zonas o risco físico é menor ainda que a função de jornalista exija trabalho, pesquisa, audácia, coragem, etc.
Mas em Portugal existe uma sub-espécie de jornalista que está sempre salvaguardado e que nem precisa de sair da redação (ou de casa) para produzir centenas e centenas de “notícias” - refiro-me aos “jornalistas desportivos” nos períodos em que o mercado das contratações está aberto.
Para esses “jornalistas” o fabrico de notícias é um jogo de casino em que ganham sempre.
Tudo o que têm que fazer é noticiar que um determinado jogador está próximo de assinar (ou está a ser seguido) por um determinado clube. Depois, nos dias e semanas seguintes, só têm que fazer copy-paste dessa “notícia” alterando apenas o nome do suposto clube de destino.
De 1 de Julho a 31 de Agosto dá para assegurar que “de acordo com as nossas fontes” um determinado jogador será transferido para um máximo de 60 clubes diferentes.
A meio do processo é importante deixar um dia livre em que explicam que o jogador até pode ficar no clube de origem por várias razões.
E podem ir desmultiplicando a notícia com as variações de “Jogador mais perto do... / Jogador mais longe do...” .
É que a menos que o jogador se transfira para a NASA e vá jogar em Marte, o jornalista acabará sempre por acertar nas suas "previsões".
Depois de o dar como garantido em quase todos os clubes possíveis, e seja qual for o desfecho, o jornal poderá sempre dizer: “tal como noticiámos há uns dias, o jogador vai rumar ao clube X / vai permanecer no clube Y” (riscar o que não interessa).
Felizmente a FIFA só permite duas janelas de mercado por ano porque senão, uma novela como a que os jornais inventam para o Bruno Fernandes poderia durar vários anos.
É uma espécie de totobola com 13 triplas – acertam sempre.
Não sei se será muito sério, mas chamam-lhe jornalismo...