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CR7-Juve.jpg

Esta coisa do “amor” é de facto muito engraçada porque, muitas vezes, assenta em coincidências.

Ando muito feliz com os boatos que apontam Cristiano Ronaldo à Juventus porque eu adoro a Juve.

Quando era miúdo tinha um amigo no liceu, o Alex, com quem ia a Alvalade regularmente – à parte de ser meu amigo, era o “meu” amigo de ir à bola.

O Alex era português mas tinha uma costela italiana; a mãe era italiana e, se não me engano, ele próprio tinha nascido em Perugia.

Para além de ser do Sporting tal como eu, ele também era fanático da Juventus – era o seu clube italiano.

E eu acabei por “adoptar” um carinho especial pelo clube do meu amigo. Ainda por cima naquela altura nós íamos sempre para a bancada da Juve Leo pelo que a fonética do nome Juve já me estava no coração.

Se há clube estrangeiro de que sempre gostei (à parte do Celtic de Glasgow) é a Juventus de Turim.

É por isso que me enternece tanto a ideia de o Cristiano Ronaldo, o “meu” menino de oiro, ir jogar para a Juve.

 

Mas há outra razão, mais racional, que me leva a redobrar o entusiasmo por esta transferência: é porque acho que em termos de gestão da carreira, o melhor para o futuro do Cristiano Ronaldo pode ser ir jogar para Itália.

O Ronaldo está numa forma tremenda, fez um ano formidável no Real Madrid e apresentou-se no mundial na condição que vimos. Mas quem tem 33 anos tem que gerir a carreira de forma diferente de um “miúdo” de 25.

E há qualquer coisa que a Itália tem e que os outros países não têm: a capacidade de aproveitar e maximizar a essência e as características dos jogadores até (muito) mais tarde.

A Liga Italiana é das mais competitivas do mundo e os clubes italianos têm dos melhores desempenhos nas competições europeias, mas apresentam sempre uma média de idades mais elevada do que as restantes Ligas.

Há qualquer coisa, ao nível da metodologia do treino ou do esquema de jogo, que faz com que os jogadores consigam permanecer ao mais alto nível durante mais tempo em Itália do que nos outros países.

Dino Zoff foi campeão do mundo aos 41 anos e Buffon continua a jogar depois dos 40, o que é notável, mas são guarda-redes.

Mas mesmo sem termos que recuar muito no tempo, facilmente nos lembramos de jogadores de campo que se retiraram depois dos 37 quando ainda estavam em grande forma: Baresi, Canavarro, Roberto Baggio ou Pirlo jogaram ao mais alto nível até essa idade. E até o nosso Figo, quando abandonou precisamente o Real Madrid e o campeonato espanhol, rumou para o italiano Inter de Milão onde jogou também até aos 37 tendo-se sagrado tetra campeão italiano.

E só por aí quase nem valia a pena fazer a referencia a Maldini (vénia) que se reformou no Milan aos 41 anos.

Não estamos a falar de um país simpático para um jogador se reformar tranquilamente; estamos a falar de um dos campeonatos mais competitivos do mundo mas onde se habituaram a fazer render os jogadores até mais tarde.

Estando o Ronaldo descontente com a postura do Real Madrid, e pensando nos seus 33 anos, a Itália pode ser o sítio ideal para ir.

E se vai para Itália, que maravilha vai ser vê-lo num clube mítico como a Vecchia Signora.

 

P.S. Fala-se numa transferência de 100 milhões de euros e o acordo ainda nem sequer foi assinado, mas as acções da Juventus já valorizaram 140 milhões de euros nestes últimos dias.

Cristiano Ronaldo é de longe o jogador mais popular do mundo e só em camisolas CR7 a Juventus vai amealhar uma fortuna - é sempre um excelente negócio.

Até eu queria comprar uma t-shirt da Juve mas este ano quero comprar a nova camisola do Sporting e não tenho dinheiro para tudo...

 

 

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publicado às 00:19

Ronaldo-Sporting.jpg

O meu amigo Zé Cavaco é do Benfica e gosta de futebol espetáculo.

Gosta de jogadores que arriscam, que fintam, que tentam sempre, daqueles que têm o toque de midas ou o golpe de génio que transforma o desporto em arte.

No longínquo ano de 2002, o Zé Cavaco andava doido com o Ricardo Quaresma que na altura tinha 19 ou 20 anos; naquele ano, o Quaresma era o jogador que lhe enchia as medidas, aquele que ele gostaria de ter no seu Benfica.

Chegou a confessar-me que até tinha inveja de nós, os lagartos, por termos um miúdo assim, daqueles que na tradição do Futre eram capazes de correr de uma baliza à outra tentando fintar metade da equipa adversária.

O que lhe interessava era a garra, a ingenuidade e a ousadia dos miúdos.

Um dia disse-me que gostava que o levasse a Alvalade – queria ver esse miúdo mágico em acção, a cores e ao vivo.

Eu acedi, arranjei um cartão para ele e lá fomos juntos à bola.

Pelo caminho expliquei-lhe:

Olha Zé, em Alvalade toda a gente adora o Quaresma; mas nós não vamos lá só para o ver. Nós agora temos um miúdo ainda mais novo que é uma absoluta maravilha.

Como só tem 17 anos, nem sempre é titular. Mas vais perceber que na 2ª parte vai começar a sentir-se um burburinho no campo e é o estádio a pedir ao treinador para meter o miúdo.

O meu amigo Zé não acreditou.

Não achou possível que o Sporting, para além do Quaresma que era o seu jogador preferido, ainda tivesse um miúdo mais novo e mais promissor.

Mas lá aconteceu o que sempre acontecia: a certa altura da 2ª parte toda a gente começou a pedir o miúdo, e o Cristiano Ronaldo lá entrou.

Não me lembro de qual era o jogo (porque eu ia a todos) nem qual o resultado; não me lembro sequer se o Ronaldo chegou a fazer alguma daquelas jogadas de encher o olho e levantar o estádio.

Lembro-me da alegria do estádio a pedir para o miúdo entrar e a alegria e entusiasmo com que ele jogava à bola - era magia.

Acho que o Zé Cavaco não percebeu na altura aquilo a que tinha assistido, mas talvez agora o compreenda.

O Cristiano Ronaldo cresceu e transformou-se naquilo que hoje todos conhecemos - o maior jogador Português de todos os tempos.

Já todos vimos jogadores espetaculares, basta ir à lista dos vencedores da Bola de Ouro para recordar os nomes daqueles que foram os melhores do seu tempo.

Parece-me contudo que o Cristiano Ronaldo está num patamar acima de todos eles. Não se trata de ser “apenas” aquele jogador extraordinário que carrega a equipa às costas – é aquele nível acima em que o futebol se transforma num híbrido ali entre o desporto colectivo e o desporto individual.

No “meu tempo”, quando penso no Ronaldo não penso no Platini ou no Rummenigge, no Van Basten ou no Ronaldo (brasileiro), não penso sequer no Messi.

Ronaldo não é apenas o melhor daquele ano, é dos melhores de sempre - o único jogador do “meu tempo” que me vem à cabeça quando penso no Ronaldo é o Maradona - para mim o mais extraordinário jogador de todos os tempos.

Muitos acharão que estou a exagerar e é natural.

Eu às vezes resvalo para a hipérbole - o amor tem destas coisas.

O Ronaldo está com 33 anos e ainda tem muito futuro para escrever, mas a sua garra e a sua genuína alegria a jogar à bola são as mesmas do miúdo de 17.

Ronaldo hoje lidera uma equipa, mas abraça e vibra com os seus colegas com o mesmo entusiasmo e gratidão de adolescente.

É também por isso que para mim será sempre “o meu menino de oiro”.

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publicado às 00:09


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